É praticamente uma regra do futebol brasileiro: a cada Copa do Mundo sem título, surgem os pedidos por renovação na seleção. Em 2022, com o fim da era Tite após duas edições, a expectativa era de que ela viesse mais uma vez. Passados três anos do ciclo, o que se vê é o oposto. Os jogadores com ao menos uma participação no currículo formam um grupo numeroso entre os candidatos a estar no torneio em 2026. E há possibilidade de a quantidade de “veteranos” na lista final ser um recorde neste século.
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Dos 25 convocados por Carlo Ancelotti para os jogos contra Equador e Paraguai, onze já estiveram em alguma Copa. É um time inteiro. Os mais experientes são Alisson, Danilo, Marquinhos e Casemiro. Todos presentes nas edições do Catar-2022 e da Rússia-2018. E, por coincidência, atletas mais defensivos.
Importante lembrar que muitos jogadores na corrida por uma vaga na próxima Copa (alguns até em condição de favoritos) ficaram fora desta data Fifa — seja por questões físicas ou extracampo. Entre eles, estão nomes como Ederson, Rodrygo, Pedro e Neymar, este o recordista de participações (2014, 2018 e 2022) entre os brasileiros em atividade.
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O recorde de veteranos pela seleção em Copas no século é de dez. Ele foi registrado duas vezes: em 2006 (num plantel de 23) e em 2022 (num grupo de 26).
Nos dois casos, o contexto ajuda a entender o número alto. Na Alemanha, os atletas da edição anterior eram ninguém menos que os participantes da vitoriosa campanha do penta. Já o Catar representou a continuidade do trabalho iniciado no ciclo anterior com Tite.
Relação veteranos x estreantes no elenco do Brasil em Copas
- 2022: 16 estreantes x 10 veteranos
- 2018: 17 estreantes x 6 veteranos
- 2014: 17 estreantes x 6 veteranos
- 2010: 14 estreantes x 9 veteranos
- 2006: 13 estreantes x 10 veteranos
- 2002: 18 estreantes x 5 veteranos
Um número expressivo de veteranos no grupo da Copa não é necessariamente negativo. Assim como uma taxa de renovação alta não é automaticamente positiva. O histórico recente da competição mostra que uma campanha bem-sucedida não passa só por isso.
Dos 26 argentinos campeões em 2022, apenas sete não eram estreantes numa Copa. Já a França vencedora em 2018 tinha um veterano a menos (de um plantel de 23): seis.
Por outro lado, a Alemanha que se consagrou tetra em 2014 tinha 11 jogadores que já haviam disputado ao menos uma edição do torneio. O que pode ser explicado pelo fato de ser a segunda Copa seguida sob o comando do técnico Joachim Löw.
Dos 32 plantéis da Copa do Catar, o brasileiro foi um dos de idade mais elevada. A média de 27,88 anos foi a quarta maior (atrás apenas das de Irã, México e Tunísia). Mas muito próxima da campeã Argentina (27,77) e da Croácia (27,38), semifinalista e sua algoz na competição.
Seria injusto dizer que não houve busca por renovação no conturbado ciclo do Brasil para 2026. Dos 80 jogadores convocados no período (de Ramon Menezes até Ancelotti), mais da metade (44) eram estreantes.
O técnico italiano acabou de assumir e não tem nenhuma ligação com o que vinha sendo feito até aqui na seleção. Mas, além de já ter trabalhado em clubes com uma série de atletas com Mundiais no currículo (como Vini Jr, Rodrygo, Militão, Richarlison e Casemiro), é conhecido por valorizar a experiência. Ainda assim, em sua primeira partida no comando, ele promoveu a estreia do novato Alexsandro e fez de Estêvão titular pela primeira vez.
—O Casemiro está aqui pelas suas qualidades: experiência, conhecimento, liderança. O Estêvão não está porque tem 17 anos. Está pela qualidade. Logicamente, a conexão com jovens traz entusiasmo, motivação e vontade. Experiência traz conhecimento, leitura das situações, liderança. Em um time, tudo isso tem que se juntar — dissertou o técnico ao anunciar sua primeira lista.
— O Estêvão pode ajudar o Casemiro com o seu entusiasmo. O Casemiro pode ajudar o Estêvão na atitude, no compromisso. Sempre é uma questão de conexão — completou.