O presidente dos EUA, Donald Trump, sugeriu nesta segunda-feira (9) que apoiaria a prisão do governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom, em meio a protestos pró-imigração no Estado que levaram o presidente a mobilizar a Guarda Nacional.
No sábado, Tom Homan, o czar da fronteira do governo, ameaçou prender qualquer pessoa que obstruísse os esforços anti-imigração no Estado, incluindo Newsom e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass.
Newsom desafiou Homan a “acabar logo com isso” e prosseguir com a prisão. Questionado nesta segunda-feira sobre se Newsom teria desafiado Homan a prendê-lo, Trump respondeu: “Eu o faria”.
Em resposta, o governador escreveu em sua conta no X que o presidente americano caminha para o autoritarismo. “Este é um dia que eu esperava nunca ver nos Estados Unidos”, disse Newsom. “Não importa se você é democrata ou republicano, esta é uma linha que não podemos cruzar como nação — este é um passo inconfundível em direção ao autoritarismo.”
O governador também informou que o Estado entrou na Justiça contra Donald Trump: “Esta é uma crise fabricada. Ele está criando medo e terror para assumir o controle de uma milícia estadual e violar a Constituição dos EUA. A ordem ilegal que ele assinou poderia permitir que ele enviasse militares para QUALQUER ESTADO QUE DESEJASSE. Todo governador — republicano ou democrata — deveria rejeitar essa arrogância absurda.”
O procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, disse que a decisão do presidente americano de federalizar 2 mil membros da Guarda Nacional estadual foi uma atitude “desnecessária” e uma “violação” à autoridade do governador democrata, e que o processo busca legitimar, por meio de decisão judicial, que a ordem do presidente foi ilegal.
Apesar das críticas, Trump disse que tomou “uma ótima decisão” ao enviar a Guarda Nacional para lidar com a agitação na Califórnia que eclodiu no fim de semana devido às suas políticas de anti-imigração. “Se não tivéssemos feito isso, Los Angeles teria sido completamente destruída”, disse Trump em uma publicação na sua rede social.
No fim do dia, o governo federal anunciou o envio de cerca de 700 fuzileiros navais para Los Angeles. A justificativa é a de que os chamados “marines” vão atuar até que mais tropas da Guarda Nacional possam chegar à cidade, em novo capítulo da escalada na resposta de Trump aos protestos de rua contra as políticas de imigração agressivas.
Os protestos de domingo se concentraram em vários quarteirões do centro da cidade e em alguns outros locais. Foi o terceiro e mais intenso dia de manifestações contra a repressão imigratória de Trump na região. A chegada de cerca de 300 soldados da Guarda Nacional provocou raiva e medo entre muitos moradores.
O governador, que estava em Los Angeles se reunindo com autoridades locais, disse aos manifestantes que eles estavam fazendo o jogo de Trump e seriam presos por violência ou destruição de propriedade. “Trump quer o caos e instigou a violência”, disse ele.