Uma falsa igreja localizada à beira da linha do trem, na altura da Rua Bulhões Marcial — ligação entre os bairros de Cordovil e Vigário Geral, na Zona Norte do Rio — foi demolida nesta terça-feira durante uma megaoperação da Polícia Civil contra o Terceiro Comando Puro (TCP) no Complexo de Israel. O imóvel funcionava como abrigo para traficantes e ponto estratégico de ataque na comunidade de Parada de Lucas. Segundo os investigadores, a falsa igreja era uma das construções erguidas de forma irregular e usadas pelo grupo criminoso liderado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão.
A sala tinha um buraco numa parede voltada para a rua que era usado como seteira por bandidos. A seteira — como são chamadas essas frestas — servem como apoio para armas e, assim, os disparos são feitos com maior precisão. Outras edificações com a mesma finalidade devem ser demolidas, conforme autorização judicial, como parte da estratégia de desarticulação da infraestrutura defensiva da facção.
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A construção tinha quase três andares e fica num local estratégico, de onde é possível visualizar a Avenida Bulhões de Marcial, que dá acesso a Parada de Lucas. Do mesmo local é possível avistar ainda boa parte da favela e ainda a linha férrea do Ramal Saracuruna, explorada pela concessionária Supervia, que corta a região.
A ação, coordenada pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de delegacias da capital, da Baixada e do interior, tem como objetivo cumprir 44 mandados de prisão e de busca e apreensão contra integrantes da facção. Até às 14h10, 20 pessoas haviam sido presas — quatro delas em flagrante. Oito fuzis, duas pistolas granadas, coquetéis molotov e munições foram apreendidos.
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Outra casa, localizada na Rua São José, em Parada de Lucas, também era usada como esconderijo de bandidos. O imóvel, também equipado com seteiras, fica localizado quase embaixo do viaduto da Avenida Brasil.

Polícia encontra sala usada por bandidos para dar tiros em Parada de Lucas
Na chegada da polícia ao conjunto de favelas — formado por, além de Parada Lucas, Vigário Geral, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-pau — houve intenso tiroteio. Quatro pessoas foram baleadas. Duas delas estavam em ônibus que circulavam pela Avenida Brasil e pela Linha Vermelha, que ficaram interditadas por cerca de uma hora, o que deu um nó no trânsito da cidade.
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O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, afirmou que a corporação decidiu fechar as vias expressas por questões de segurança já que, segundo ele, a quadrilha de Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, um dos chefes do Terceiro Comando Puro (TCP), costuma atirar contra quem passa por elas para tentar forçar o fim de ações policiais.
— Uma ação realmente causa um transtorno para a população, a gente sabe disso. Esse transtorno, é importante enfatizar, que quem causa não é a polícia. A polícia está lá fazendo o trabalho dela. Nós estamos ali fazendo a nossa atribuição constitucional que é de investigar crimes e tirar criminosos de circulação — disse ele ao Bom Dia Rio, da TV Globo.
Ele lembrou que, em outubro de ano passado, durante uma operação também no Complexo de Israel, traficantes atiraram contra a Avenida Brasil e mataram três inocentes:
— Três pessoas foram mortas por disparos efetuados de dentro dessas comunidades intencionalmente. Pessoas que estavam indo para o seu trabalho, que estavam em seu veículo. Três pessoas inocentes. Essa é uma tática de guerrilha, uma tática terrorista, principalmente dessa facção que atua nessa região. As investigações demonstraram cabalmente que esses tiros foram disparados de forma deliberada, de forma intencional por esses marginais contra esses trabalhadores justamente para fazer cessar a operação e fazer com que a polícia saísse das comunidades. Então, por isso que a gente adota esse tipo de procedimento no sentido de bloquear o trânsito.