O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, disse nesta quarta-feira (18) que o país está em contato com os Estados Unidos sobre o confronto entre Irã e Israel. Em comentário à agência de notícias local Interfax, ele falou que a ajuda militar americana para Israel poderia gerar uma ‘desestabilização’ do Oriente Médio.
Além disso, Ryabkov advertiu os EUA a não entrarem na guerra.
Outra autoridade da pasta, a porta-voz Maria Zakharova, foi questionada também sobre o conflito. De acordo com ela, ‘o mundo está a poucos milímetros de uma catástrofe’, em especial pelas ameaças nucleares e participação de outros países. A informação foi revelada pela agência de notícias Ria Novosti.
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, fez uma declaração nesta quarta-feira (18) na TV estatal do país se dirigindo a população em meio a escalada do conflito com Israel. De acordo com ele, o povo não esquecerá o sangue dos ‘mártires’ e do ataque contra o território do país.
Ele ainda acrescentou que Israel cometeu um ‘grande erro e será punido por isso’ e que o Irã ‘não irá se render’, como havia pedido o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nessa terça (17).
Khamanei afirmou que uma participação dos Estados Unidos no conflito vai gerar ‘consequências irreparáveis’. Ele ainda se dirigiu a Trump em um momento afirmando que ‘para o presidente americano, aqueles que conhecem a história do Irã sabem que nosso povo reage bem às ameaças’.
Ali Khamenei, líder supremo do Irã. — Foto: KHAMENEI.IR / AFP
‘Os EUA devem saber que o Irã não se renderá e qualquer ataque americano terá consequências sérias e irreparáveis’.
Além disso, comentou que a afirmação de ‘rendição incondicional’ de Trump é ‘inaceitável’.
‘O presidente dos Estados Unidos, em uma declaração inaceitável, instou explicitamente os iranianos a se renderem, mas nós lhe dizemos: primeiro ameace aqueles que têm medo de ser ameaçados. Ameaças não afetarão o pensamento e o comportamento da nação iraniana’.
Khamenei disse que a ‘guerra será respondida com guerra’ e que o Irã não irá se submeter a nenhuma ‘exigência ou ditame’.
Fumaça em Teerã durante ataques de Israel. — Foto: ATTA KENARE / AFP
A guerra iniciada por Israel contra Irã entrou nesta quarta (18) no sexto dia com forte sinalização dos Estados Unidos de que podem entrar no conflito.
Nas últimas horas, a força aérea israelense bombardeou uma universidade ligada à Guarda Revolucionária e atingiu 12 bases de mísseis iranianas. O Irã lançou pelo menos quarenta mísseis contra o território de Israel e diz que atingiu em Tel Aviv, o QG do Mossad, a Agência de Inteligência Nacional de Israel.
De acordo com as informações oficiais, não houve alteração no número de vítimas dos dois lados: são 224 mortos no Irã e 24 em Israel.
O presidente Donald Trump analisa entrar na guerra; exigiu a rendição incondicional do Irã; e ameaçou matar o líder supremo, Ali Khamenei, que tem 86 anos e comanda o país há mais de três décadas.
O regime iraniano considera Israel um estado ilegítimo; defende a existência de um estado palestino; e patrocinou grupos como o Hamas e o Hezbolah.
O presidente Donald Trump disse que sabe onde o líder supremo está e que os Estados Unidos têm total controle dos céus sobre o Irã, como se o país já tivesse entrado na guerra.
Ao mesmo tempo, o Pentágono enviou uma esquadrilha de caças ao Oriente Médio, além de aviões-tanque, usados para abastecer os caças no ar.
Numa rede social, o aitolá Khamenei disse que o Irã vai dar uma resposta forte ao que chamou de regime sionista terrorista.
O Departamento de Estado americano informou que a embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém estará fechada de hoje até sexta-feira.
A tensão no Oriente Médio afetou a programação da cúpula do G7, o que provocou o cancelamento do encontro entre o presidente Lula e o líder ucraniano Volodymyr Zelensky.