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Antes da parada militar de Trump, milhares vão às ruas dos EUA em atos contra o presidente

Vídeo: Polícia de Los Angeles inicia ‘prisões em massa’ após toque de recolher, e protestos seguem pelo sexto dia Contra a militarização: ONU pede ‘desescalada’ nos protestos pró-imigração em Los Angeles, e Trump culpa ‘insurrecionistas’ e ‘agitadores profissionais’ O “Dia Sem Reis”, organizado por uma coalizão de ativistas e turbinado nas redes sociais desde o […]


O “Dia Sem Reis”, organizado por uma coalizão de ativistas e turbinado nas redes sociais desde o começo da semana, mobilizou cerca de 1,5 mil atos em todos os 50 estados americanos, incluindo na capital, Washington, onde Trump ameaçou usar a força caso houvesse qualquer tipo de interferência em sua parada militar. Por sinal, o evento, raro nos Estados Unidos, foi o catalisador para o movimento.

“A mobilização ‘Sem Reis’ é uma resposta direta ao desfile militar e comemoração de aniversário de Donald Trump, que custou US$ 100 milhões (o custo oficial anunciado pelo Pentágono foi de US$ 45 milhões), um evento financiado pelos contribuintes enquanto milhões de pessoas são informadas de que não há dinheiro para a Previdência Social, SNAP, Medicaid ou escolas públicas”, afirmam os organizadores em comunicado.

Manifestantes marcham perto do Capitólio estadual da Geórgia, em Atlanta, durante protesto do "Dia Sem Reis" — Foto: Dustin Chambers/The New York Times
Manifestantes marcham perto do Capitólio estadual da Geórgia, em Atlanta, durante protesto do “Dia Sem Reis” — Foto: Dustin Chambers/The New York Times

Um dos maiores protestos aconteceu em Atlanta, na Geórgia, onde milhares de manifestantes se concentraram diante do Capitólio estadual. Em meio a bandeiras americanas, os participantes criticavam os gastos com a parada militar em Washington, apontando o contraste entre o discurso de austeridade — que até o mês passado era personificado pelo bilionário Elon Musk — e o dinheiro gasto para fazer com que os tanques e tropas caminhem pela capital americana.

— Discordo totalmente disso. As pessoas estão com fome. As pessoas estão sofrendo. Precisamos desse dinheiro em outros lugares — disse Renee Hall-George, assistente social, à rede CNN. — Que tal financiar a educação? Que tal alimentar as pessoas? Que tal oferecer assistência médica?

Protesto do "Dia Sem Reis", contra o presidente dos EUA, Donald Trump, em Bethesda, no estado de Maryland — Foto: Danny KEMP / AFP
Protesto do “Dia Sem Reis”, contra o presidente dos EUA, Donald Trump, em Bethesda, no estado de Maryland — Foto: Danny KEMP / AFP

Em Houston, um dos poucos redutos democratas no Texas, e onde o governador republicano Greg Abbott mobilizou cinco mil membros da Guarda Nacional antes dos protestos, as críticas se concentravam nos eventos em Washington e no crescente número de prisões de imigrantes, ordenadas pelo governo Trump: na multidão, um cartaz se destacava, “nenhum filho de Deus é ilegal”, uma resposta ao discurso da Casa Branca contra a chamada “imigração ilegal”.

Em uma “base” democrata, Nova York, os atos começaram apesar da chuva insistente na cidade. No Parque Bryant, em Manhattan, os discursos traziam acusações de que Trump e seu governo não atuam mais para criar um ambiente seguro para os EUA, “mas sim por pura crueldade”. Outra fala recorrente era sobre o “crescente autoritarismo” das autoridades federais. Em Staten Island, a região mais conservadora da cidade, um outro protesto pedia que os carros buzinassem em apoio — um motorista, além de não buzinar, abaixou o vidro e gritou “longa vida ao rei”.

Policiais da cidade de Brooklyn Park, no estado de Minnesota, onde a deputada estadual Melissa Hortman e o marido dela foram mortos — Foto: Stephen Maturen/Getty Images/AFP
Policiais da cidade de Brooklyn Park, no estado de Minnesota, onde a deputada estadual Melissa Hortman e o marido dela foram mortos — Foto: Stephen Maturen/Getty Images/AFP

No estado de Minnesota, todos os atos foram cancelados após um atentado que matou uma deputada estadual democrata e o marido dela na madrugada deste sábado, no que o governador, Tim Walz, chamou de “assassinato possivelmente com motivações políticas”. Segundo as autoridades, os dois foram mortos dentro de casa por um homem que teria se passado por policial. Antes do ataque, um senador estadual, John Hoffman, e a mulher dele foram baleados em casa em uma cidade vizinha, pelo mesmo suspeito, que está sendo procurado pelas autoridades.

“Achamos importante nos reunirmos pacificamente. Diante desse horror, lamentaremos e expressaremos nossa determinação por um futuro pacífico, justo e democrático”, afirmaram os organizadores de um dos protestos, em Minneapolis. “Nossa equipe de liderança está em contato com as autoridades no Capitólio e compartilhará quaisquer atualizações.”

Mas o foco do “Dia Sem Reis” era Los Angeles, epicentro dos protestos iniciados na semana passada contra a política migratória de Trump, que motivaram uma batalha legal entre a Casa Branca e o governo da Califórnia em torno do envio de tropas da Guarda Nacional e dos Fuzileiros para a cidade. Centenas de pessoas foram presas, e antes dos atos deste sábado as autoridades locais alertavam contra atos de violência.

Ao menos 15 atos distintos estavam previstos para o sábado, e a prefeita, Karen Bass, que chegou a declarar um toque de recolher em algumas regiões do centro, disse que não vai tolerar vandalismo contra propriedades públicas e privadas, e que “centenas” de bombeiros e forças de segurança estavam a postos para agir se necessário.

— O que está acontecendo hoje, os protestos “Sem Reis”, era algo que vinha sendo planejado há meses. Não é específico de Los Angeles — disse Bass, em entrevista coletiva. — Mas, considerando o que aconteceu na última semana, e não apenas em Los Angeles, mas em cidades por todo o país, isso se enquadra em um nível totalmente diferente de preocupação.

Grupo formado por integrantes de comunidades nativas dos EUA se apresentam em protesto do "Dia Sem Reis", contra o presidente dos EUA, Donald Trump, em Los Angeles — Foto: Apu Gomes/Getty Images/AFP
Grupo formado por integrantes de comunidades nativas dos EUA se apresentam em protesto do “Dia Sem Reis”, contra o presidente dos EUA, Donald Trump, em Los Angeles — Foto: Apu Gomes/Getty Images/AFP

Até o momento não foram registrados atos de violência. Diante da prefeitura, um grupo de manifestantes de nativos americanos fazia uma apresentação musical improvisada, e nas ruas era possível ver bandeiras dos EUA e de outros países, repetindo um enredo dos protestos dos últimos dias — na véspera, a presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que a presença da bandeira de seu país em atos violentos “tem toda a aparência de ser uma provocação e de querer gerar uma certa imagem do México”.

Antes de um dos protestos na região central de Los Angeles, integrantes do grupo musical-dissidente russo Pussy Riot, devidamente vestidas com suas balaclavas, hoje na cor vermelha, subiram em escadarias com uma faixa que refletia o sentimento de muitas pessoas hoje nas ruas:

“Tudo está começando a se parecer muito com a Rússia.”



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