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Das experiências raras às afetivas, Rio está no topo do turismo de luxo

O café mais raro do Brasil — que passa pelas fezes de uma ave e custa mais de mil reais o quilo —, a piscina da suíte onde se hospedaram Madonna, Lady Gaga e Mick Jagger e o novo restaurante italiano que o chef Rafa Costa e Silva, com duas estrelas Michelin, inaugurará na Serra […]


O café mais raro do Brasil — que passa pelas fezes de uma ave e custa mais de mil reais o quilo —, a piscina da suíte onde se hospedaram Madonna, Lady Gaga e Mick Jagger e o novo restaurante italiano que o chef Rafa Costa e Silva, com duas estrelas Michelin, inaugurará na Serra despontam como produtos e cenários de desejo dos turistas de luxo a caminho do Rio. Experiências marcadas pela exclusividade aliadas à chance de conhecer uma das Sete Maravilhas do Mundo — o Cristo Redentor — e paisagens naturais, de praias a montanhas, têm se tornado imbatíveis para atrair o viajante endinheirado.

Pesquisa divulgada pela Brazilian Luxury Travel Association (BLTA), baseada em dados coletados em 2024, revelou que o Rio está no topo da lista de destinos brasileiros visados pelo turista de luxo — seguido por Foz do Iguaçu e Pantanal. A prévia do anuário — que será divulgado em agosto — indica ainda que esbanjar está cada vez mais down no high society. Fugir da padronização e se sentir único, ter boas histórias para contar, valorizar conexões e experiências profundas, segundo o estudo, tornaram-se prioridades.

— Agora, o que temos não é o luxo da ostentação, do excesso. É o da experiência, do significado, o de conhecer o que não se encontra em qualquer lugar — explica Camilla Barretto, CEO da BLTA, grupo exclusivo de hotéis e operadores brasileiros que promovem este tipo de viagem.

Sem ‘não’ como resposta

Para desfrutar experiências como pernoitar onde dormiram divas do pop no Copacabana Palace e conhecer a black pool local, o viajante terá que pagar, no mínimo, R$ 29 mil, por dia. Este é o valor da diária da suíte presidencial do clássico, e não menos desejado, hotel da orla carioca. É bem mais caro do que provar o Café Jacu, na Coa&Co, espaço do Fairmont Rio dedicado à bebida: o quilo do café, que passa por classificação e processamento após ser colhido das fezes do jacu, uma ave, custa mil reais, e uma xícara de 40ml é servida por R$ 40.

Black pool do Copacabana Palace, onde famosos como Mick Jagger e Gisele Bünchen já mergulharam — Foto: Divulgação
Black pool do Copacabana Palace, onde famosos como Mick Jagger e Gisele Bünchen já mergulharam — Foto: Divulgação

O hotel no Posto 6, em Copacabana, também dispõe de diferentes categorias de serviços de luxo. O do topo é o Fairmont Gold, que inclui vantagens como check-in e check-out privados num lounge com obras de arte; gerente e concierge exclusivos; ligação de despertar personalizada; e até roupa passada como cortesia. As diárias saem entre R$ 1.200 e R$ 1.803.

O descanso do hóspede de alto padrão é outro item valorizadíssimo. Nas suítes do Emiliano, também em Copacabana, as ofertas são multiculturais: as suítes têm roupa de cama de algodão egípcio, 400 fios e travesseiros 100% de plumas de ganso húngaro. O hotel dispõe ainda de um “menu de travesseiros”, com opções que vão do conforto ergonômico às versões de látex natural, passando por aqueles com ervas aromáticas, como camomila, menta, erva-doce, alecrim e macela-do-campo, para relaxamento e bem-estar.

Unanimidades entre porta-vozes que conversaram com O GLOBO, a hospitalidade e o conforto aparecem como requisitos principais no atendimento desta clientela. Um dos funcionários conta que as equipes são treinadas para satisfazer a maioria dos desejos do hóspede de luxo. Isso vale para jantares inspirados na culinária de diferentes países, organização das suítes, detalhes da decoração. Caso haja alguma exigência incomum ou impossível de ser cumprida, no lugar da negativa, a resposta vem sempre com uma solução que poderá agradá-lo. De jeito nenhum este cliente ouvirá “não” como resposta.

Raphael Hoelz, chef de operações do Grand Hyatt Barra, na Zona Oeste, acumula lembranças de pedidos de clientes, dos especiais aos inusitados. De um hóspede da África do Sul, por exemplo, recebeu a missão de esconder um porta-anel de noivado, na forma de um elefante cravejado de diamantes, no recipiente em que seria servida a sobremesa para a futura noiva.

Riqueza. Cenário de casamento para 500 pessoas montado no Grand Hyatt Barra — Foto: Racquel Carvalho/7clicksfotografia
Riqueza. Cenário de casamento para 500 pessoas montado no Grand Hyatt Barra — Foto: Racquel Carvalho/7clicksfotografia

Em outra ocasião, no ano passado, a festa de matrimônio de um jovem casal chinês, para 500 convidados, tinha, em cada mesa reservada, um vinho de R$ 400 como lembrança para os convidados. Os sortudos que presenciaram o enlace também ganharam como mimo uma garrafa de Kweichow Moutai — meio litro do licor custa R$ 2.500, mas pode chegar a R$ 212 mil em leilões.

— É importante personalizar o serviço para o hóspede. Ele espera que o que é entregue seja superior a tudo o que ele já viu ou viveu — frisa Hoelz.

Guilherme Padilha, CEO da Auroraeco, operadora de turismo que nesta semana trouxe ao Rio turistas de países como Estados Unidos e República Tcheca, diz que os viajantes não dispensam programas corriqueiros como tour pela Escadaria Selarón e visita ao Corcovado:

— Não é porque as pessoas estão no Copacabana Palace que não vão a um típico boteco ou não visitam o Cristo Redentor. Neste caso, é tudo com guia e privativo: a van chega primeiro ao Corcovado e, durante alguns passeios, eles ganham mimos como biscoito Globo, mate. Fazemos questão de transmitir “a vibe” do Rio.

A quilômetros de distância da capital, na Serra da Mantiqueira ou na Serra dos Órgãos, hotéis e spas apostam no aconchego e no conceito wellness que, no turismo, está associado à busca por saúde, bem-estar, equilíbrio físico, mental e espiritual, e aparece na pesquisa da BLTA como novas prioridades para o cliente de alto padrão. No Rituaali, em Penedo, o foco é em spa, gastronomia saudável e terapia. O hóspede que desejar contratar o pacote tem que investir em no mínimo quatro noites, cujas diárias somam R$ 9.981,56. Há ainda pacotes de sete, a R$ 16.832,81. Em breve, uma das novidades será uma cápsula de flutuação, espécie de banheira em que, segundo a sócia e proprietária Lorena Trindade, o intuito é o relaxamento silencioso:

— Quem entra na cápsula tem a sensação de que está boiando no Mar Morto.

Em Petrópolis, a Casa Marambaia, uma propriedade dos anos 1940 com jardim de Burle Marx, terá, em breve, um heliponto. O local, além de famílias e casais, tem recebido CEOs para reuniões. Ocasionalmente, executivos e executivas levam seus companheiros.

Emir Penna, diretor da Rede Promenade, administradora do hotel, explica que luxo em meio ao campo ganha mais significados:

— O luxo num hotel que não fica em área urbana está no fogo aceso na ladeira, no pão quente ao amanhecer. O hóspede procura silêncio e pausa.

Para o futuro, também está prevista uma vinícola. Até julho, será aberto no local o Bonaccia Osteria, novo restaurante de Rafa Costa e Silva, chef com restaurante na capital, o Lasai, que ostenta duas estrelas Michelin.

— O restaurante terá profunda identificação com o passado do Rafael, com a história da família. A gente se dedica a essa proposta de cozinha afetiva — frisa Penna.



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