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‘O deboche é bom para se peitar uma sociedade que gosta de desmoralizar mulheres pretas’

Voltando a MTV, quando você surgiu lá, não lembro de tantos nomes femininos no rap com destaque como temos hoje. Como você lia o cenário naquela época? Na época que comecei a cantar rap, com uns 16 anos, o cenário era precário de presenças femininas. No Brasil, eu tinha como referência a Dina Di, a […]


Voltando a MTV, quando você surgiu lá, não lembro de tantos nomes femininos no rap com destaque como temos hoje. Como você lia o cenário naquela época?
Na época que comecei a cantar rap, com uns 16 anos, o cenário era precário de presenças femininas. No Brasil, eu tinha como referência a Dina Di, a Negra Li, Nega Gizza… Lá fora era a Lauryn Hill, Erykah Badu, e com o passar do tempo, com meus 20 e poucos anos, conheci outras meninas do rap em São Paulo. A Nega Gizza apareceu para mim com um clipe na MTV, o Prostituta, que denunciava o abuso a crianças a crianças, o abuso infantil, a prostituição… Era bem pesado. O que acontece é que furei a bolha. Fui chamada até de rap pop. Para o pop, eu era rap; para o rap, eu era pop. E para mim isso é incrível. Consegui levar o nome do rap nacional para além do nosso mundinho ali. Queria que a minha música tocasse na caixa de som de pessoas que curtem sertanejo, MPB, rock, indie, reggae. Queria ser conhecida para além daquela bolha que vivia, mas não para alimentar o ego, era pelo rap mesmo, pela cultura que é tão bonita e que me salvou e salva muitas pessoas. Salvou a minha autoestima. Foi no rap onde me senti mais negra, onde sentia que eu podia ser negra. Acho importante eu, como uma mulher preta, retinta, estar fazendo parte do ranking no topo.



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