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Quão difícil seria destruir a fortaleza nuclear subterrânea de Fordow, do Irã?

Quão perto o Irã estava de obter a bomba atômica? Fontes americanas falam em até 3 anos de distância Conflito: Ministro da Defesa de Israel adverte que líder supremo do Irã corre risco de ter destino como o de Saddam Hussein A bomba tem um revestimento de aço muito mais espesso e contém uma quantidade […]


A bomba tem um revestimento de aço muito mais espesso e contém uma quantidade menor de explosivos do que bombas de uso geral de tamanho semelhante. As carcaças pesadas permitem que a munição permaneça intacta ao atravessar solo, rocha ou concreto antes de detonar.

Seu tamanho — 6 metros de comprimento e 13.600 quilos — significa que apenas o bombardeiro furtivo B-2 americano pode carregá-la.

Instalação nuclear de Fordow, no Irã — Foto: Editoria de Arte / O Globo
Instalação nuclear de Fordow, no Irã — Foto: Editoria de Arte / O Globo

A avaliação predominante é que Israel não consegue destruir Fordow sozinho. Os EUA bloquearam o fornecimento do bunker buster a Israel e, embora Israel tenha caças, não desenvolveu bombardeiros pesados capazes de transportar essa arma.

Mas Israel pode chegar perto ao atacar usinas de geração e transmissão de energia mais acessíveis que ajudam a operar a instalação, que abriga as centrífugas mais avançadas do Irã, segundo autoridades militares.

Em conjunto com um bombardeio aéreo israelense contra o Irã, atacar as usinas adjacentes a Fordow poderia retardar significativamente a capacidade da instalação nuclear mais protegida do Irã de continuar enriquecendo urânio. As Forças Armadas de Israel e agentes secretos também poderiam buscar outras maneiras de desativar o local, incluindo destruir sua entrada.

Atacar Fordow é central para qualquer esforço de destruir a capacidade do Irã de produzir armas nucleares. Em março de 2023, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou que havia detectado urânio enriquecido a 83,7% de pureza em Fordow — próximo ao nível de 90% necessário para armas nucleares.

O Irã, signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, mantém que seu programa nuclear tem fins pacíficos.

Enquanto isso, a Força Aérea dos EUA está deslocando aviões-tanque, aeronaves e caças adicionais para apoiar eventuais operações americanas no Oriente Médio, disseram autoridades dos EUA. Mas o presidente Donald Trump, até o momento, não se moveu para reverter anos de política americana que impedem o fornecimento de bunker busters a Israel.

— Temos essa política há muito tempo de não fornecer essas armas a Israel porque não queríamos que eles as usassem — disse o general Joseph Votel, que comandava o Comando Central dos EUA durante o primeiro mandato de Trump.

Em vez disso, os EUA viam sua bomba bunker buster principalmente como um elemento de dissuasão, um ativo de segurança nacional exclusivo, mas que, se disponibilizado, poderia incentivar Israel a iniciar uma guerra com o Irã.

O Irã construiu a instalação de centrífugas em Fordow ciente de que precisava enterrá-la profundamente para evitar ataques. Em 1981, usando caças F-15 e F-16, Israel bombardeou uma instalação nuclear perto de Bagdá como parte de seu esforço para impedir que o Iraque adquirisse armas nucleares. Aquela instalação era acima do solo.

— Os iranianos entenderam plenamente que os israelenses tentariam se infiltrar em seus programas e, por isso, construíram Fordow dentro de uma montanha há muito tempo, para lidar com o problema pós-Iraque [apresentado pelo ataque de 1981] — disse Vali Nasr, especialista em Irã e professor da Universidade Johns Hopkins.

Ao longo dos anos, os israelenses elaboraram diversos planos para atacar Fordow na ausência dos bunker busters fornecidos pelos EUA. Um desses planos, apresentado a altos funcionários do governo de Barack Obama, envolvia helicópteros israelenses com comandos a bordo voando até o local. Os comandos então lutariam para entrar na instalação, instalariam explosivos e a destruiriam, segundo ex-funcionários dos EUA.

Israel montou com sucesso uma operação semelhante na Síria no ano passado, quando destruiu uma instalação de produção de mísseis do Hezbollah. Mas Fordow seria uma empreitada muito mais perigosa, segundo militares.

Autoridades americanas dizem agora que Israel conquistou supremacia aérea sobre boa parte do Irã, e que seus aviões de ataque poderiam sobrevoar Fordow e torná-la inoperante, ao menos temporariamente, mas não destruí-la.

— Os israelenses têm lançado muitas operações clandestinas ultimamente, mas a física do problema continua a mesma — disse o general Kenneth F. McKenzie Jr., responsável pelos planos de guerra contra o Irã quando comandava o Comando Central após o general Votel. — Continua sendo um alvo muito difícil.

David A. Deptula, general aposentado da Força Aérea que planejou as campanhas aéreas dos EUA no Afeganistão em 2001 e na Guerra do Golfo de 1991, concorda que Israel tem opções que não exigem ajuda americana. Por exemplo, forças especiais israelenses “poderiam se infiltrar, aplicar ou de outra forma usar diversos meios para desativar a instalação”, disse ele.

Yechiel Leiter, embaixador de Israel nos Estados Unidos, sugeriu essas opções no programa “This Week”, da ABC News, no domingo.

— Temos várias contingências que nos permitirão lidar com Fordow — disse. — Nem tudo se resume a voar e bombardear de longe.

Mesmo que Trump autorizasse bombardeiros furtivos B-2 americanos a lançarem as bombas de 13.600 quilos, o general McKenzie disse que haveria vários desafios técnicos e altamente sigilosos na coordenação de tal ataque com Israel.

Uma decisão de usar as bunker busters americanas também teria enormes consequências internacionais, disse o general Votel. Por exemplo, poderia haver contaminação nuclear decorrente do bombardeio, colocando civis em risco.

— Acho que haveria certamente uma forte reação internacional à ideia de que os EUA se uniram a Israel num ataque que seria visto como ilegal contra a soberania do Irã — acrescentou Votel.

E o Irã poderia ampliar sua retaliação contra tropas americanas e outros alvos dos EUA na região e além, dizem analistas militares. Os Estados Unidos voltariam a uma postura de guerra no Oriente Médio.

Trump deixou claro que tem pouco interesse em novas aventuras militares na região e busca não alienar uma ala não intervencionista de apoiadores fortemente contrários a maior envolvimento dos EUA em uma guerra no Oriente Médio.



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